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Lenda XXXII : Verde luz

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  Verde luz Dorme o prado geado a longa noite negra do cru e frio inverno Espera à primavera para estoupar de novo cuma verde alegria. A Deusa da esperança no céspede deitada à sombra dum azivro. Cuma verde chambrinha, pendentes esmeralda, Brigid posa-se espida na sua auréola boreal. ☆ Moradelha editora

Lenda XXXI : Deusa dos sete mares

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  Deusa dos sete mares Os meus olhos rabeam por caminhar um dia no teu corpinho espido, encher-te de suspiros. Meus beiços querem tanger no médio do teu ventre, acaroar teu embigo, choutar pola tua pele. Nadar no teu oceano em pesca dos tesouros que gardas em segredo, Deusa dos sete mares. 🌟 Moradelha editora

Lenda XXX : Sentado no porto

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  Sentado no porto Vam-se voando as horas como as cigonhas que marcham quando vem chegar o outono e olhando as gaivotas suspensas no ar a mercé do vento morno do peirao. I esperando òs marinheiros e à pesca entre o cheiro salgado de algas e mar, agardando a silhueta da sereia vindo orgulhosa na ponta da proa. 🌟 Moradelha editora

Lenda XXIX : Apariçom

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  Apariçom Apareceu vestida de ouro e cos pés descalços ardendo. Apagarom-se-lhe as lapas e acendeu-se-lhe o coraçom. Nascerom-lhe ás brancas e pujo-se suspensa no mar. A noite negra fijo-se dia, todo era paz e claridade. Aparecerom quatro soles arrodeando a sua imagem, envolveu-me sua aura dourada e botei-me com ela a voar. 🌟 Moradelha editora

Lenda XXVIII : Estrela de Breogám

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  Estrela de Breogám Com tanto pranto enchiche o teu jerro de bágoas, teu coraçom de penas, tua vida de tristura. Mais tua força divina sacudiu teus pesares. Já tua grandeza anunciam,  os cucos, seus cantares. Feita de sangue alada, engurrunache a alma com coraça de ouriço, pra que nom te mancaram. Quando todo era preto e negro como o carvom, petou um raio de Sol na tua primavera. Vestias farricalhos. Agora és uma estrela. Hoje sintes-te nova, coma noiva vestida. Foche um pito famento, agora uma sábia águia. Tua ánima calada, é Universo profundo. Indestrutível Deusa, só feita de bravura, cuma extensível alma, és a dona do Mundo. Renasciche entre o pó, da já morta borralha, queimando quanto haja a impedir o teu voo. Chimpas calquer valado, abres as nossas portas e furas nos penedos; sementas o nosso eido. Coa tua paz e teu amor todo cala ao teu passo e medram as árvores e churem os acivros. Rebentou teu coraçom em plena libertade. Escascache o teu ovo, deixache de estar presa. ...

Lenda XXVII : Caravelinhos de mar

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Ria de Sada Caravelinhos do cabo do Mundo Hai lucecús nas pétalas  dos caravelinhos de mar, alumeando a ria de Sada. Sabedores da presenza de esses divinos passos, que perto ham de percorre-la. Estames esparegendo néctares luminiscentes de marinhos caraveles. Brilho da flor da anunciaçom e cançom da chegada ao Lar, cheiro da erva que namora. Já soa o himno da bem-vida,  enche-se o mar de luzeiros, aperta-se o Sol coa Terra. 🌟 Foto : / Ria de Sada 9 de Julho de 2021 Moradelha editora

Lenda XXVI : Azul

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Sada Azul O meu suspiro é azul, azuis som teus bicos, o meu sonho é sempre azul e ti és sempre meu ceo. Confim dos verdes castros, todo pintado de azul, rias e rios azuis, azuis de Deusa os ceos. Chambra de azivro, verde, pintas de azul as flores, nasce auga nas fontes e bolboretas azuis. Pel dum golfinho novo, jeito de terciopelo, suave como uma pluma, da mesma cor do ceo. Apoiada na fiestra, contra o recendor do Mar, de azevinho vestida e seus olhos de ultramar. É flama de luz de gas, um lume que abrasa, azul, um coraçom celestial, aura da minha amada. - 💙 - Foto : / Sada, Junho de 2019 Moradelha editora

Lenda XXV : Repouso de Brigid

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  Cadaqués Repouso de Brigid Cadaqués 1 Sonhei que ela volvia ao porto de Cadaqués, caminho de Brigantia em seu navio, de pé. 2 Joia do Mare Nostrum, alí no cabo de Creus. Atalaia do Olimpo, remoto faro de Zeus. 3 Sintindo o seu alento, que é meu maior sustento, aliso-lhe os cabelos so co meu pensamento, 4 alí que sopra o vento, onde corona ve-los. Quigera nas mans te-los e com bica-los sonho. 5 Nom estou abatido, tendo os olhos pechados, é o sonhar contigo, que deixa-me coitado. 6 Agora entendo a Dalí, que comeria a Gala, de tanto que a adorava, é o que sinto eu por ti. 7 Era um tolinho pensei, adorava a beleza, tolo som eu agora, se é minha mantenza. 8 Tanto amava sua musa, que comeu-na na fiestra, a bocados de cores, a anaquinhos de mar. 9 E que mais quigera eu, que ver-te de novo alí, mirando de reolho ou guichando cara mim. 10 E que mais quigera eu que bicar teu sorriso, sentir o teu alento, de ferido javalim. 11 És a minha poesia, companheira da alma, verdadeira amizade, por ...

Lenda XXIV : Corpo celestial

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  Amencer no Oriente 12 Setembro 2020 O teu corpo do além (corpo celestial) Um puntinho no ceo tam pequerrecho, avanço-me a el e vou-no vendo medrar, pois fai-se grande,  fai-se gigante, enorme, imenso, astronómico, coma um Sol que me sorve. Alí entra o meu espírito, ata dentro del, na luz do Mundo, moi cegadora. Porta da infinitude, jardim da alma. Vejo os teus olhos, entro por eles em ti, acaroo o teu coraçom, navego na tua ánima, derreto-me em teus beiços, suspiro uma fror. É o ceo teu corpo, é a vida no além, dentro uma estrela,  tua estrelinha amarela, o teu corpo de Deusa. *** 🎵 Respira Moradelha editora

Lenda XXIII : Um estranho no paradiso

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  Um estranho no paradiso 1 Alí uma preciosidade, vivindo num paradiso, um éxtase permanente, uma música celestial. 2 Com anjinhos que voavam, com bolboretas e froitos de todo clas, e toda cor. Estrelas e arcos da velha. 3 Corpos de homens espidos e de mulheres espidas. Uns corpinhos moi perfeitos e bafejando saúde. 4 Nom sentia falar ninguém e se a alguém eu sentia, eu nom o podia entender, nom sei se cantava ou ria. 5 Entom estranhei a fala, as nossas verbas estranhei, nom se sentiam conversas, estranhei entom a língua. 6 Estranho no paradiso ! Ulas palabras de Curros ?. Estranhei a Rosalía, ulas cantigas de amigo ?. 7 Nom via à gente que eu queria, nim sentia a minha música, a que eu quigera escuitar, nada de violins nim gaitas. 8 Ula a musa que adorava ?, que adorava com delírio. Pensei que entom nom pisava paradiso verdadeiro. 9 Nom havia soles nim luas, nim palabras nim apertas, nim jardins de namorados, nom era meu paradiso. 10 Nom vim a Miguel Hernández, nim vim a García Lo...

Lenda XXII : Filhos dum amor celestial

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Monte Pindo Filhos dum amor celestial Froito do nosso amor, dum jeito  impossível, nazem filhos do além, nossos nenos, meu bem. Som teus filhos, meu Sol, som dum Obradoiro que é muito incrível, que pujo o Bom Deus. E teus filhos seram nesse Novo Mundo, quem o governaram com amor celestial. A nossa semente esperou, um longo e moi frio inverno, teu doce agarimo. Estou em Brigantia agardando por ti, que Brigid desplegue suas aas, num ceo azul, limpo e luminoso, seu bater fecunde  minha razom de ser, Novo Mundo inunde. Ovinhos flutuen no leito da Terra, que quede bem cheia de filhinhos do além. Uma labor que Deus que fai que prosperem os germes meus e teus, estrelas de viagem. Um laboratório de divino amor, uma incubadora de uniom embrionaria. A verdadeira luz, estralo do ceo, relumbre de Deus, paixom infinita. Bondade e tenrura, a ledicia sem fim nim dores, nim...

Lenda XXI : Novas do Oriente

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Sada Novas do Oriente 1 Chamavam-lhe :Partida de detrás de la sierra, en Montserrat, Valencia. Alí vivia um rapaz, 2 que fora um inverno a recolher laranjas, escapando do seu lar, fugindo das desgrazas. 3 Abandoando estudos, travalho abandoara. Quedou um par de anos, cuma boa familia, 4 que tinha quatro filhas. No medio dum laranjal, coma filho adotado, Casa do tio Vegetal. 5 Levavam uma vida dentro do budismo Zen, sem disciplina algunha. Casa preciosa e grande, 6 de tres plantas de altura,  El Vergel se chamava. Comiam macrobiótico, viviam da sua horta, 7 e tamem dos laranjos e dum forno de lenha, faziam de panadeiros. Coziam pam e pastas, 8 de jeitos integrais, ían a tuda Espanha, e duma agricultura, a bio-dinámica. 9 O mozo travalhava coma pintor de casas. Tamém levava um camión em canteiras de area. 10 E de súpeto um dia a gente de Montserrat, march...

Lenda XX : Longa auséncia

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Praia de Minho Longa ausência 1 Brigid, teus sonhos nom aparecem, pode que a tua tarefa vencia ?. Deixaches-nos entom tua mensagem, a tua ledícia ?. 2 Marchara descobrir o Olimpo, e a ánima quedou-me escura, vivindo agora sem o seu faro, sem luz, sem cura. 3 Fora por nereidas seduzida, ha de voltar eiqui, tarde ou cedo, tornará ò seu lar, a sua morada, ò seu penedo. 4 Vou a cotio, sempre ò serao, ollar as embarcacions que chegam, à ria de Sada, ao seu peirau, tamém as que vam. 5 Guicho òs barcos, sentado na praia, sempre contente i esperançado, vejo Betanzos e vejo a ria; miro parmado. 6 Vou coa arela de ver uma luz além do mar, além do horizonte. Vendo bem lonje, sinto os adeus, miro ao fronte. 7 Eu sei que ela, tem que aparecer, e que a sua luz, tem que relumbrar, coma se fora um novo amanhecer, há de anunciar. 8 Nom che sei bem, se ha de vir polo mar, alí estarei eu a ve-la chegar; ou poidera aparecer polo ar, a Deusa do Lar. ...

Lenda I : Brigantia

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Betanzos Brigantia Sol-pôr no Cabo do Mundo. Subím à Torre de Hércules. Ò chegar em riba, atopei à Deusa Brigid suspensa no ar. Colheu-me da man e fiquei flutuando ao carom de Ela i entom acendeu o seu faro alumeando cara a América. E comezou a recitar docemente, poemas de Whitman : "No médio dos homens e das mulheres, na multitude. Sinto que el escolhe-me grazas a sinais segredas e divinas. Sem reconhecer a ningum outro, nim pai, nim nai, nim mulher, nim marido, nin irmao, nim filho, coma mais preto ca mim. Alguns enganam-se, mais el nom se engana, el conhece-me. Oh! Amador e igual perfeito. Eu quigem que me descubriras assim, por sendas débiles e endireitas. E Quando eu te descubra, quero descubrir-te tamém por sendas débiles e endireitas." Folhas de erva,  W. Whitman Foto:/ Betanzos        28 de Junho de 2019 Son do ar Moradelha editora

Lenda XVIII : Atenea

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Coruja de Sargadelos Atenea Sentado na banqueta do corredor, vim-lhe os olhos à coruja. Eu escrevia poemas, inspirado no tempo e as cores do espácio e de súpeto marchou a luz. E na escuridade apareceu a Deusa Atenea, disfarçada de homem. As suas mans secas e dedos longos raiavam-me os papeis e intentavam arrincar-me a chambra de linho, coma querendo roubar-ma. Entom eu saquei-na e dei-lhe-a e marchou zurnindo polo corredor, cada pouco mais ancho, mais grande e mais negro e desapareceu coma noitebra, disolvendo-se numa neboeira, coma se fora noite pecha e fria, com lua nova e ouveos. Se a tua mirada é limpa, teu corpo estará  alumiado. Se o que há en ti son noitebras, vivirás sempre na escuridade. 🌟 Moradelha editora

Lenda XVII : A Carvalha Língua

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Elegia da Língua -- o -- 1 No Ribeiro de Santomé havia um velho carvalho. Um dia prendêrom-lhe lume. Mandárom-no pra o caralho.  2 Ja há mais de quarenta anos, quedou tam só o pé do toro. Muitos carvalhos arcanos decotárom sem decoro. 3 E plantárom-lhe arredor uma dúzia de eucaliptos que queimou aquele verdor, onde deitavan-se os ventos. 4 Carvalha, Língua chamada, porque as suas folhas no outono, púnham-se da cor rosada, coma se foram um sono. 5 E mentres os eucaliptos que de medrar nom paravam, sentiam-se na terra gritos de raices que falavam. 6 O noso velho carvalho latejava co seu toro, coma um gigante bugalho, com tam sequer um só poro. 7 Tam só tinha um fio de vida, à espera do seu tempo, que ja viria em seguida, quando do eucalipto ò chimpo. 8 Um dia o Fénix e a Borralha, gatinhas irmás do Mundo, forom cheirar a carvalha, virom um retono ò fondo. 9 A dúzia dos eucalip...

Lenda VII : Amizade

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Amizade Sempre um desejo latente dumas grandes amizades, e case sempre deixam-se, escapa a oportunidade. Por nom fazer um esforço, Por soberba ou amor próprio. Ou por timidez ou medo, ou tamém por prejuízos. Amizades som círculos. Amizades som conjuntos. Juntam-se ou separam-se, convergem ou som tangentes. Podem ser tamém disjuntas, interseccionam, compartem, e podem sumar, ou restam. Amizades com amores, ou tamém com desamores, rifas, enganos e dores, ilusións ou desenganos. Perdem-se e reencontram-se. Amizades imposíveis, sonhos incompatíveis. Decotadas ou vetadas, proibidas, perigosas, e hai-nas interessadas. A amizade tem os seus graus, seus limites e seus riscos. Muito terreno que explorar. Nom renuncio à utopia de ter grandes amizades. 🌟 "Vós, dores da desilusom da amizade, ah !, as feridas mais crueis de todas." W.Whitman, Folhas de erva Foto : / A Gudiña, Via da Prata, Maio de 2014 Moradella editora