Lenda XX : Longa auséncia

Praia de Minho



Longa ausência


1
Brigid, teus sonhos nom aparecem,
pode que a tua tarefa vencia ?.
Deixaches-nos entom tua mensagem,
a tua ledícia ?.

2
Marchara descobrir o Olimpo,
e a ánima quedou-me escura,
vivindo agora sem o seu faro,
sem luz, sem cura.

3
Fora por nereidas seduzida,
ha de voltar eiqui, tarde ou cedo,
tornará ò seu lar, a sua morada,
ò seu penedo.

4
Vou a cotio, sempre ò serao,
ollar as embarcacions que chegam,
à ria de Sada, ao seu peirau,
tamém as que vam.

5
Guicho òs barcos, sentado na praia,
sempre contente i esperançado,
vejo Betanzos e vejo a ria;
miro parmado.

6
Vou coa arela de ver uma luz
além do mar, além do horizonte.
Vendo bem lonje, sinto os adeus,
miro ao fronte.

7
Eu sei que ela, tem que aparecer,
e que a sua luz, tem que relumbrar,
coma se fora um novo amanhecer,
há de anunciar.

8
Nom che sei bem, se ha de vir polo mar,
alí estarei eu a ve-la chegar;
ou poidera aparecer polo ar,
a Deusa do Lar.

9
Agora som estes, os meus sonhos,
atopar de novo à fada Brigid,
ante os Deuses do Olimpo de xeonlhos,
ò ve-la eu vir.

10
Agora debe andar à parola,
dende o mais Alto, pra nos mirando,
coa Nai, co Mundo, coa sua farola,
alumeando.

11
Sem sua presenza, estamos perdidos,
sem a sua luz, sem a sua mantenza
o nosos espiritos durmidos,
cheios de tristeza.

12
Pobre Brigantia, sem luz, sem faro,
falta-lhe a guia, a companheira ;
compre-lhe de Brigid seu amparo,
a sua beira.

13
Ela num sonho, deu-me ambrosia,
noites com pena, por dia ledo,
moi a pesares, que eu nom queria,
pracer sem medo.

14
As tentacions co seu elixire,
querendo escapar de todas elas,
as provocacions, cum ofendere,
morro por elas.

15
Uma maina man, um agasalho,
com esses tormentos e pesares,
que ninguém faria tal ensaio,
amor de amores.

16
E no porto a cotio clamores,
chamando ò seu ouvido, falar-lhe,
berrando-lhe aos ventos as suas dores,
cheio de ar o fole.

17
Traíde-me a esperança do mundo.
De fazer pam coa borralha fartos,
eu o abrente co serao confundo,
vem Nai de santos !.

18
Brigid, tés que vir, pola morrinha
dos verdes castros, do amor que te quer,
das brétemas, queixumes, auginha,
por quem te requer.

19
Galiza sem sua divinidade,
é uma orfa sem garantia.
Vem ò teu trono de ouro, deidade !,
Volve a Brigantia !.

20
Dende as augas quentinhas de Minho,
polo serao, vem-se ir as gamelas,
coa dança de gaivotas no airinho,
vento nas velas.



Foto : /Praia de Minho, ria de Betanzos
        28 de Junho de 2019



Moradelha editora




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