Lenda XXI : Novas do Oriente

Sada



Novas do Oriente


1
Chamavam-lhe :Partida
de detrás de la sierra,
en Montserrat, Valencia.
Alí vivia um rapaz,

2
que fora um inverno
a recolher laranjas,
escapando do seu lar,
fugindo das desgrazas.

3
Abandoando estudos,
travalho abandoara.
Quedou um par de anos,
cuma boa familia,

4
que tinha quatro filhas.
No medio dum laranjal,
coma filho adotado,
Casa do tio Vegetal.

5
Levavam uma vida
dentro do budismo Zen,
sem disciplina algunha.
Casa preciosa e grande,

6
de tres plantas de altura, 
El Vergel se chamava.
Comiam macrobiótico,
viviam da sua horta,

7
e tamem dos laranjos
e dum forno de lenha,
faziam de panadeiros.
Coziam pam e pastas,

8
de jeitos integrais,
ían a tuda Espanha,
e duma agricultura,
a bio-dinámica.

9
O mozo travalhava
coma pintor de casas.
Tamém levava um camión
em canteiras de area.

10
E de súpeto um dia
a gente de Montserrat,
marchava pra Valencia,
cousa grande pasava.

11
Agarrou o macuto
e co seu dous cavalos,
caminho de Torrente,
cara Valencia marchou.

12
Os bardos do Oriente
dixérom que chegaram
nantronte cinco naves
ò porto do Cabanhal.

13
Seica a Deusa de Breogam
cheia dum gran resplandor,
parou naquela costa
seica vinha do Olimpo.

14
A man direita de Zeus,
traendo melodias,
odas pentatónicas
com docíssimas verbas,

15
com alegres rimados
em pentasilábico.
Fungar de gaitas no ar
sem os sopretes ò fol.

16
Uma cheia de arpas
ao compasso das gaitas.
E uns canhons de ouro,
nas cabezas das barcas,

17
cuspem dende a sua proa
flores blancas de jasmim.
Disparam por tudo o ar 
cem mil flores da paixom.

18
Dezanove de Marzo
arde a cidade toda.
No ar foguetes voar,
Estralos de alegria,

19
num ceo cheio de cores.
Às ruas ateigadas
pra saudar uma Deusa.
Todo arredor som festas.

20
Gente engalanada
coas melhores roupinhas,
chambrinhas de linho eles,
penteiras de ouro elas.

21
Chaquetas de mil botós,
chapeus dos das ocasions,
Bandeiras brancas e azuis,
traem as naves cancions.

22
Cheia de gente está
a ribeira do azahar,
pra saudar à divina.
Há uma explosom do Mar.

23
Cum bufido de Brigid
nacerom pombas no ar
e pombinhas de cores
reventarom a voar.

24
Bulem à beira do mar
cem mil pombas douradas,
vam onda a gente saudar,
dando bicos coas suas aas.

25
Terrinhas de azahares
mandarinhas,laranjas
arrecendem nos eidos. 
Do Mare Nostrum hortas.

26
Guia-as Sam Vicente,
um amparo das naves
que venhem de Olimpia,
tam so Brigid tem claves.

27
Com muito alouminho,
muita luz a cidade,
Miquelet agarimo,
caminho do Algarve.

28
Navegam a Orihuela,
caminho gaditano.
Hai orquestras de anxos,
sinfonias tocando.

29
Gaitas a todo fugar
levam cinco nereidas,
vixiantas das naves,
duns golfinhos enriba,

30
com cadansua gaita,
sem parar de toca-la.
Mil golfinhos nas popas
choutam a muita altura,

31
coma querendo voar,
que revolhinando-se,
girando bico a baixo
taladram Noso Mare.

32
Barcas de pescadores
moi engalanadas,
como a festa do Carmo,
apertam-se a saudar,

33
em pesca de agarimo
da visita divina.
Cinco naves flutuando,
que rumo a Brigantia vam.

34
Buscando a porta estreita
que abre outra dimensom,
a uma inmesidade,
noso mar océano.

35
Que ò vira-lo à direita
sinala-nos o Norte,
sinala o cabo Ortegal,
faro duma luz forte.

36
A luz que à nosa gente
a boa nova há de dar,
e sairam bem contentes
ata a Ria ateigar.

37
Tanta morrinha colleu,
aquel céltico rapaz,
que sem agarrar sequer
equipagem algunha,

38
sem despedir-se sequer
da familia adotiva,
que tanto chegou querer,
decidiu-se a marchar. 

39
E marchou cara seu lar,
voltava a Brigantia,
em pesca do seu sonho,
em pesca duma Deusa.

40
Volveu-lhe sua fala Nai.
Foi-se vivir coa avoa.
Volveu-lhe a forza ò peito,
volveu-se a namorar.


Foto:/ Sada, 28 de Junho de 2019





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